Positividade tóxica e a autoajuda irresponsável: você já caiu nessa?
Desmistificando algumas frases clichês de autoajuda que são bastante perigosas para a sua carreira (e para a sua vida).
Photo by MARK ADRIANE on Unsplash.
Abro as minhas redes sociais e me deparo com uma enxurrada de frases motivacionais que me dizem para “pensar positivo que tudo vai dar certo, só de depende de você”. Eu estava vivendo uma sequência de crises de ansiedade que me davam taquicardia, sensação de formigamento no braço, aperto no peito e até calafrios, mas me sentia culpada por não estar conseguindo “pensar positivo o suficiente”. Somado a isso, ainda tinha uma culpa dilacerante que eu carregava por ser uma privilegiada de muitas maneiras e ainda me sentir mal: como é que eu estava tendo aquelas crises todas quando eu trabalhava com algo que eu gostava de fazer, era bem remunerada por isso, tinha um relacionamento saudável e amoroso com o meu marido, uma família que sempre me apoiou e milhares de pessoas que me acompanhavam nas redes e eram influenciadas pelas coisas que eu fazia e falava?
Comecei a me sentir uma fraude absoluta, a questionar a minha carreira, a me culpar por não estar conseguindo produzir tanto quanto eu gostaria e a evitar expressar sentimentos negativos por medo de que as pessoas pudessem me interepretar mal. Em determinado momento, escutei de uma pessoa que seguia um desses gurus motivacionais que tudo o que estava acontecendo comigo era fruto de um mindset alinhado com a escassez, que eu estava sendo ingrata com o Universo e que precisava aprender a manifestar mais abundância e coisas boas na minha vida.
A época em que pedi a minha demissão do mundo corporativo para empreender no digital foi também uma época em que os coaches motivacionais começaram a surgir, crescer e se multiplicar pelo país. O ano era 2014 e eu me lembro de que, por um tempo considerável, fui discípula de vários desses nomes que acabaram se transformando em verdadeiros gurus da autoajuda, com milhares de cursos, livros, palestras, workshops e dinheiros na conta bancária. Faço também uma mea-culpa e uma confissão: toda essa gente e todos esses conteúdos que eu consumi naquela época foram muito importantes para mim, sim, e ajudaram a pessoa que eu era a gerar mais coragem para agir apesar do medo, fazer escolhas mais alinhadas à minha essência e ter um olhar mais otimista sobre a vida. Eu também já escrevi muitos e muitos textos com essa pegada good vibes, também já fiz palestras motivacionais e já entoei discursos focados na positividade, no poder da mente, na importância da gratidão e da confiança nas leis do Universo.
Continuo acreditando muito na força do pensamento positivo, agora com respaldo ciêntífico, bem como na relevância de cultivar emoções positivas, sobretudo a gratidão, para a saúde do nosso cérebro e a melhora da nossa qualidade de vida. No entanto, como a diferença entre o remédio e o veneno é a dose, percebi o otimismo passando do ponto, a felicidade se tornando uma obrigação a qualquer custo e a positividade que antes era combustível para a ação, a criatividade e a inspiração se tornando uma coisa tóxica e até irresponsável.
No dossiê a seguir, você terá acesso a informações que vão te mostrar como reprimir sentimentos negativos pode destruir o nosso aparato emocional, os perigos da “indústria da felicidade” e como podemos avaliar criticamente esses discursos. Também escolhi seis frases de autoajuda que podem ser muito perigosas para a sua carreira, para que possamos desmistificá-las com responsabilidade, cuidado e atenção. Ah! Ainda vou te contar por que é que eu não gostei do livro “Positividade Tóxica”, do Svend Brinkmann. Por alguns motivos que vou te contar no dossiê, achei esse livro problemático…
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